domingo, 28 de outubro de 2007

PALAVRAS DE REFLEXÃO

Não gosto muito de política mas ouvi esse discurso de quase 40 anos atrás e decidi traduzi-lo, percebi uma ligeira familiaridade e que sua essência é profunda. O autor não era meu contemporâneo, nem meu compatriota, um homem adimiravel e uma esperança para toda uma geração de seu país. Tenho a impressão que tem muito haver com nossa sociedade atual como um todo, talvez possa levá-lo a uma reflexão, então leia atentamente apesar do tamanho.

"A Ameaça Irracional da Violência"

("On the Mindless Menace of Violence")

Não é um dia para a política. Guardei esta oportunidade de falar brevemente com vocês sobre a ameaça irracional de violência na América, que novamente mancha nossa terra e cada uma de nossas vidas.

Isso não diz respeito a nenhuma raça. As vítimas da violência são pretos e brancos, ricos e pobres, jovens e velhos, famosos e desconhecidos. São, acima de tudo, seres humanos a quem outros seres humanos amaram e precisaram. Ninguém, não importa onde viva ou o que faça pode ter a certeza que será o próximo a sofrer de algum ato insensato de derramamento de sangue sem sentido. Que, no entanto continua sem parar nesse nosso país.

Por quê? O que conseguiu a violência até agora? O que ela gerou?

Cada vez que uma vida Americana, é tirada desnecessariamente por outro americano, seja em nome da lei, ou desafiando a lei, por um homem ou grupo, a sangue frio, ou por impulso num ataque de violência, ou como resposta a violência, cada vez que rasgamos o tecido de nossas vidas, que um outro homem com dor e sofrimento teceu para si próprio e seus filhos, cada vez que fazemos isso toda nação vai se degradando.

Porém toleramos o crescente índice de violência que ignora tanto a humanidade que temos em comum, quanto o desejo de sermos civilizados. Muitas vezes defendemos a arrogância, a desordem e aqueles que exercem a força; Muitas vezes justificamos àqueles que estão dispostos a construir as suas próprias vidas às custas dos sonhos esmagados de outros seres humanos. Mas não resta dúvida de que, a violência gera violência, repressão traz retaliação, e apenas uma limpeza(purificação) de toda a nossa sociedade pode remover esta doença das nossas almas.

Porque, se ensinar um homem a odiar e temer seu próximo, ensinar que ele é um homem inferior por sua cor ou o suas crenças ou pela ideologia política que ele persegue, se ensinar que aqueles que discordam de você ameaçam sua liberdade ou o seu trabalho ou sua casa e família, então você estará aprendendo a tratar outros não como concidadãos, mas como inimigos, estará aprendendo não a cooperar reciprocamente mas a conquistar; A serem subjugados e dominados.

Aprendemos por último, a olhar para os nossos irmãos como estranhos, com quem partilhamos uma cidade, mas não uma comunidade; Homens que dividimos o espaço mas não o esforço comum. Nós aprendemos a partilhar apenas um medo em comum, apenas o desejo comum de nos afastarmos, apenas um impulso comum de reagir as diferenças com a força.

Nossas vidas neste planeta são muito curtas e a missão a ser realizada é grandiosa demais para permitir que este espírito floresça por mais tempo nesta nossa terra. Evidentemente, que a solução não é um programa de governo, uma votação, mas podemos talvez lembrar, mesmo que seja só por um tempo, que aqueles que vivem conosco são nossos irmãos, que partilham conosco o mesmo curto momento de vida; Que eles procuram, como nós, nada mais do que a chance de viver as suas vidas com propósito e na felicidade, ganhando a satisfação e a realização que puderem.

Certamente esse vínculo de fé comum, com certeza este vínculo de objetivos comuns, pode começar a nos ensinar alguma coisa. Seguramente que poderemos aprender pelo menos, a olhar a nossa volta, e realmente ver o próximo, aí poderemos nos esforçar um pouco mais para curar as feridas entre nós, nos transformando de todo coração em irmão e compatriotas outra vez.

"On the Mindless Menace of Violence", foi o último discurso de Robert Francis Kennedy antes do seu assassinato, quando disputava as prévias para a eleição a presidência dos EUA.